Bolsa Social da Bodiva criada para apoio a famílias vulneráveis

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A Bolsa de Dívida de Angola (Bodiva) destina, nos próximos três anos, cerca de 430 milhões a projectos de sectores produtivos, para aumentar os rendimentos de organizações e famílias vulneráveis, bem como gerar lucro social, anunciou, em Luanda, o presidente da Comissão Executiva, Walter Pacheco.

O projecto é parte das iniciativas de responsabilidade social da Bodiva e marca o arranque de um novo segmento do mercado da bolsa denominado “Bolsa Social Bodiva”, alinhado aos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

De acordo com Walter Pacheco, a “Bolsa Social Bodiva” abarca vários sectores produtivos, com predominância para a agricultura familiar, visando, sobretudo, consolidar a instituição como referência de responsabilidade social e fomentar o empreendedorismo nas comunidades, combater a pobreza de forma sustentável e contribuir para estabilidade financeira do país.

O projecto, que conta com a parceria da Associação para o Agronegócio e Empreendedorismo (SEIVA), encarregado da assistência técnica especializada e monitorização do escoamento da produção até ao ponto de venda, vai beneficiar 1.250 mulheres agricultoras do Dombe Grande, Benguela.

A responsável pela família  recebe um “kit” de insumos que vai permitir rentabilizar quatro vezes mais a produção e garantir um rendimento anual de 450 mil kwanzas por ano. Contas feitas, cada beneficiário pode obter um rendimento mínimo mensal de aproximadamente 37 mil kwanzas, com a possibilidade de aumentar à medida que o projecto for crescendo.

“O objectivo é manter o rigor na gestão dos recursos: quanto mais trabalharem mais lucros terão. Quem está a investir quer o retorno do dinheiro mas, neste caso, o retorno é gerar lucro social e, desta forma, ajudar a comunidade a prosperar”, afirmou.

O cadastro também abre, automaticamente, a possibilidade de aumentar a literacia, na medida em que cada beneficiário terá de ter acesso a uma conta bancária, e serem deste modo, inseridas no ciclo formal

Em declarações ao Jornal de Angola, o gestor da SEIVA, Kwame Gomes, afirmou que, com o capital disponibilizado pela Bodiva, que numa primeira fase deverá beneficiar 30 mulheres camponesas, é esperada uma redução dos custos e aumento da produção em 50 por cento, por hectare. Ou seja, uma família que produzia, por exemplo, 430 quilos de feijão, passa para mil quilos, por hectare.

Kwame Gomes valorizou o facto de, com esses fundos, ser introduzida uma componente nova que é o empreendedorismo feminino, que vai permitir outro tipo de métricas para medir o impacto da prestação da própria empresa.

 A SEIVA é  uma associação de agronegócio e empreendedorismo, cuja missão é  prestar assistência técnica no meio rural e criar impacto com o emprego das melhores práticas concebidas nesses domínios. 

Há cinco anos, no Dombe Grande, a SEIVA já contabiliza 430 clientes a beneficiar de assistência técnica.

Na Abertura do evento, a ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, destacou que o Bolsa Social, a Bodiva proporciona ao mercado uma plataforma onde investidores podem canalizar os seus recursos para projectos que visam gerar impacto social positivo, sem prejuízo das expectativas legítimas de poder vir a obter retornos financeiros.

Para Vera Daves de Sousa, a ideia  por trás da bolsa social é alinhar o mundo dos investimentos com valores e objectivos sociais, com a criação de modelos mais inovadores adaptados a projectos cada vez mais inclusivos e sustentáveis para reduzir a pobreza e a desigualdade.

A ministra apelou os empreendedores inseridos no mercado angolano a olharem para o impacto social positivo como uma forma válida de sucesso e lucro, pois permitem às organizações e empreendedores captarem recursos para iniciativas que abordem questões sociais, económicas e culturais de investidores que desejam fazer a diferença na sociedade.

“A Bolsa de Valores está a  ganhar dimensão e profundidade e está a pensar nas pessoas. A Bolsa Social é uma forma  inovadora de utilizar a infra-estrutura e mecanismos da bolsa para servir projectos que têm propósitos mais amplos do que apenas o lucro financeiro”, realçou.

Fonte: Jornal de Angola

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