21% do Crédito concedido pela banca angolana está malparado

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Situação económica de crise do país, inflação e pandemia, que estão a cortar o poder de compra das famílias e empresas, continuam a justificar a subida do incumprimento na banca. Até Março deste ano, 1,3 biliões de Kwanzas estavam malparados.

O malparado da banca comercial voltou a subir em Março deste ano para 21,2% do total de 6,2 biliões de Kwanzas de crédito bruto concedidos pelos bancos, representando um aumento de 0,94 pontos percentuais face ao volume do malparado de Dezembro do ano passado, de acordo com os Indicadores de Solidez Financeira do Sector Bancário do Banco Nacional de Angola (BNA) referente ao período. Na prática, mais de um quinto do total de crédito libertado pelos bancos comerciais, equivalente a 1,32 biliões Kz, está malparado.

Na base dos 21,2% de malparado do total do crédito bruto em Março está, na visão de analistas económicos e empresários, a crise económica, a taxa de inflação, que tem “roubado” o poder de aquisição das famílias e das empresas, e a pandemia, que, no geral, resfriou a actividade de muitas empresas e, com isso, cortou igualmente a capacidade de muitos agentes económicos em cumprirem com as suas obrigações junto do sistema bancário.

Ao Expansão, o empresário e líder da Associação de Empresas de Comércio e Distribuição Moderna de Angola (ECODIMA), Raúl Mateus, defende que em mercados como de Angola é normal haver uma a variação no malparado nestas dimensões dada a irregularidade provocada pelas questões cambiais e pelos choques petrolíferos, que influencia praticamente toda a economia nacional com sucessivas crises financeiras. “Há situações que não permitem o cumprimento obrigatório [das dívidas], mas para isso existem garantias e seguros para cobrir esse risco”, apontou o empresário.

Mas nem todos vêem na crise a única razão para a subida do malparado. Para o economista Wilson Chimoco, por exemplo, o crédito malparado não é apenas conjuntural. “Tem uma forte componente que é mesmo reflexo da estrutura em que as relações económicas são realizadas. E não olho para a componente económica, porque a economia tem vindo a recuperar, mas, sim, pelas questões de responsabilidade no acto de cumprimento dos contratos e no agir ético da parte de quem pede dinheiro emprestado. E esta realidade vai continuar a pesar na sinistralidade do crédito até que haja uma maior celeridade na execução dos contratos nos tribunais ou se assista uma revolução cultural”, defende o economista.

Fonte: Jornal Expansão

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