Subsídios na Infância para o Crescimento Económico

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Artigo publicado originalmente no Jornal Expansão, edição de 02 de Julho de 2021

Acabamos de sair do mês dedicado as crianças em que podemos aproveitar para termos um período de reflexão sobre a qualidade de vida e o futuro da nossa nação. Como se tem preparado a próxima geração angolana? Com o aumento do custo de vida, tem sido visível a quantidade de mulheres e crianças pedintes pelas ruas da cidade. Angolanos como nós, muitos sem emprego, sem negócios, sem opções e a sobreviver muitas vezes sem uma refeição diária. Resumidamente, sem soluções.

Direcionando o foco para estas crianças, grande parte delas está fora do sistema de ensino e caso não haja um direcionamento e vontade política, seguirão a sua vida sendo marginalizadas. Pouco ou nada irão contribuir para o desenvolvimento económico do país, mas isso é algo que já todos temos consciência. Sendo assim, o que poderá ser feito?

Nos E.U.A, por exemplo, a administração Biden colocou como proposta conceder subsídios para o acesso a educação pré-escolar e cuidados infantis como um projeto de longo prazo para o crescimento económico. A proposta do presidente Biden é subsidiar os cuidados infantis durante 10 anos, com um total de 225 biliões de dólares. Que será utilizado na melhoria de centros infantis, na capacitação de educadores, criação de programas educacionais, etc. Pretende-se com esse investimento tornar mais facilitado para os progenitores, especialmente as mulheres, o acesso ao mercado de trabalho, aumento da sua produtividade e potencialização do crescimento económico do país. Este é o plano de uma nação rica!

Para uma nação pobre como a nossa investir nas crianças e investir no seu futuro é urgente, porque só desta forma poderemos ter quadros capazes no futuro. Necessitamos de desenvolver projetos de longo prazo 10, 15 ou 20 anos, visando uma melhoria na capacitação das próximas gerações de angolanos.  Os programas a serem desenvolvidos devem focar-se na educação, artes, desporto, saúde e alimentação.

O acesso a creches subsidiadas para famílias vulneráveis tem o potencial de aumentar o acesso ao mercado de trabalho a mulheres com idade de participar na economia. Ao terem o suporte do estado estas mulheres poderão aumentar os seus rendimentos ao longo da vida, pois passarão a ter mais tempo para se dedicarem ao trabalho.

O fornecimento de alimentação nas escolas, por intermédio de programas de merenda escolar ou outros, irá contribuir para a diminuição das taxas de abandono escolar. Vai ajudar também a melhorar a cognição das crianças e diminuir o grau de analfabetismo funcional no país, que resulta em cidadãos capazes de ler e escrever, mas com sérios problemas de compreensão.

O investimento nas artes e desportos irá afastar as crianças das ruas, da criminalidade, de lares desestruturados. Como país devemos reservar parte do OGE para melhorar a próxima geração de angolanos, que tal começarmos pela transferência do orçamento destinado a viaturas topo de gama para um fundo destinado a começar a lançar as sementes para um futuro melhor?

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