Universitários pagam até meio milhão de kwanzas para defesa de fim de curso
As instituições privadas de ensino superior ISPEKA (Camama) e ISPA (Talatona), em Luanda, estão a exigir aos seus finalistas um valor aproximado de 500 mil kwanzas para a defesa do trabalho de fim de curso. Esta quantia abarca diversos elementos inevitáveis da conclusão académica, desde a confirmação de matrícula, emissão de declaração de notas, monografia, beca, diploma e até à cerimónia de outorga.
Alunos do ISPEKA relatam que os custos ultrapassam os 400 mil Kz, com a instituição a exigir ainda a compra obrigatória da beca, sem possibilidade de reutilizar peças antigas. No ISPA, além da defesa, o valor inclui pagamento ao tutor e a cerimónia. Há rumores de que os valores podem subir para 600 mil Kz, o que está a atrasar, em alguns casos por vários anos, a finalização dos estudos, um estudante relatou em entrevista para o jornal Expansão que está a juntar dinheiro desde 2022 para a sua cerimonia de finalista.
Do lado institucional, responsáveis admitem que os valores apenas contemplam o pagamento da mesa de júri e não geram lucro adicional, defendendo serem valores “modestos” face aos custos reais. Com a desvalorização do kwanza e a inflação acumulada, estes custos aumentaram significativamente nos últimos anos. Muitas instituições argumentam que as propinas e taxas adicionais são mecanismos para equilibrar as contas e garantir a sustentabilidade.
Ainda assim, o Ministério do Ensino Superior reconhece a preocupação, apontando a ausência de uma tabela de preços regulamentada para instituições privadas como a razão desta situação.
Esta discordância entre custos alegados e o impacto financeiro real nos estudantes torna-se um entrave para a consolidação da formação acadêmica em Angola, reforçando a urgência de regulação clara e proteção aos alunos.