No espaço de 20 dias registou-se uma queda acentuada da moeda nacional, cerca de 13%, face ao dólar americano. A explicação é simples, não há divisas suficientes para as necessidades do mercado, resultado da descida do preço do petróleo nos mercados internacionais, sendo que as importações, a saída de investimento directo estrangeiro e o pagamento do serviço da dívida pública aumentaram no mesmo período.
“Do nosso ponto de vista ainda não chegámos ao ponto de equilíbrio, embora seja importante referir que o ritmo de desvalorização abrandou, pelo que podemos estar próximo”, refere o departamento de mercados do BNA, explicando que por agora a instituição não vai intrevir, uma vez que está em causa gastar reservas internacionais e que não iria resolver o problema.
Assim, de Janeiro a 30 de Maio o Kz desvalorizou 14%, ou seja, no início do ano um dólar valia 503,6 Kz e no dia 31 do mês passado um dólar norte-americano já valia 583,7 Kz, de acordo com taxa de câmbio do Banco Nacional de Angola. E, só entre o dia 11 e 31 de Maio a moeda nacional desvalorizou 13%, uma vez que, no dia 11 um dólar custava 507,7 Kz. No mesmo período em análise, o Kwanza também desvalorizou face ao euro. De 11 a 31 de Maio registou uma queda de 11%, no dia 11 um euro custava 553,8 Kz e no dia 31 de Maio custava 623,8 Kz, e em Janeiro um euro estava no valor de 538 Kz, um aumento de 14% comparado com o câmbio do último dia do mês passado.
“Se tivermos em linha de conta que o Tesouro em Maio fez uma intervenção apenas, que não se esperam mais intervenções a curto prazo, estamos perante um novo normal em que a taxa de câmbio será regulada pela oferta disponibilizada pelos diversos operadores. Temos que nos habituar a esta realidade”, confirma o BNA.
Os bancos comerciais já apresentam dificuldade para cumprir com as transferências internacionais dos seus clientes, estando a demorar três a quatro semanas, sendo que o Expansão confirmou que as queixas vêm de clientes de diversas instituições financeiras. As casas de câmbios já começaram a ter falta de plafond, e muitas já optaram em reduzir o valor estipulado por transferência.
“A participação do Tesouro permite o acesso a divisas a grupo mais alargado de bancos, sendo que a petrolíferas já têm um nicho de bancos com que trabalham preferencialmente, e por isso os que ficam de fora estão a ter mais dificuldade. Também já assistimos à desistência de algumas transferências que estavam programadas por parte dos clientes “, refere o departamento de mercados do BNA que acrecenta: “Quando chegarmos ao ponto de equilíbrio vai ser preciso também limpar o histórico que ficou para trás.
Fonte: Jornal Expansão