Como fazer um orçamento tendo rendimentos variáveis?

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Se o seu salário varia todos os meses, não está sozinho. Muitos profissionais independentes, trabalhadores informais e pessoas que recebem comissões enfrentam o mesmo desafio: gerir um rendimento instável.

Mas é possível controlar o seu dinheiro mesmo com uma renda variável — e não é tão complicado como parece. O segredo? Um orçamento — ou seja, um plano para o seu dinheiro. Um orçamento diz-lhe para onde o dinheiro deve ir, em vez de se perguntar para onde foi. Siga estes seis passos para criar um orçamento que funciona, independentemente do quanto ganha.

1. Liste o seu rendimento (use o valor mais baixo que já recebeu)

O primeiro passo para fazer um orçamento é identificar o rendimento mensal. Com um rendimento irregular, o ideal é ser conservador e basear-se no valor mais baixo que já recebeu nos últimos meses.

É melhor começar com uma estimativa baixa, porque, se ganhar mais, pode sempre ajustar o orçamento para cima. Já se contar com um valor alto e depois receber menos, poderá acabar em apuros financeiros. Se esta é a primeira vez que trabalha por conta própria ou com rendimento variável, faça uma estimativa realista do que seria um mês fraco. Com o tempo, terá maior clareza sobre a média dos seus rendimentos.

2. Liste as suas despesas (comece pelas essenciais)

Depois de calcular o rendimento, é altura de planear os seus gastos — as suas despesas mensais. Quando o rendimento é instável, a ordem das despesas é fundamental. Deve garantir que as necessidades básicas estão asseguradas antes de pensar em gastos menos importantes.

Ordem sugerida:

  1. Doações. Se tiver o hábito de contribuir com a sua igreja ou ajudar alguma causa social em Angola, coloque esse valor logo no início. Generosidade também deve fazer parte do seu orçamento.
  2. Poupança. Antes de gastar, pense no futuro. Se está a criar um fundo de emergência ou a poupar para um objetivo (como abrir um negócio ou pagar formação para os filhos), inclua este valor. Se tem dívidas, priorize pagá-las antes de começar a poupar.
  3. Despesas básicas (“As quatro paredes”). Garanta alimentação, eletricidade/água, habitação (renda ou prestação do crédito) e transporte (combustível ou táxi).
  4. Outras despesas essenciais. Seguros, mensalidades escolares, medicamentos ou funcionários domésticos.
  5. Despesas não essenciais. Aqui entram pacotes de televisão, idas ao restaurante, roupas novas, viagens, festas e outras. Reserve também uma pequena quantia para imprevistos, que em Angola são o prato do dia.

Nos meses mais complicados, pode ter de eliminar ou adiar alguns gastos não essenciais. O importante é garantir primeiro o essencial para viver com dignidade.

3. Prepare um orçamento inteligente

Num orçamento inteligente, o objetivo é que o rendimento menos as despesas seja igual a zero. Isso não significa deixar a conta bancária a zeros — deve sempre ter uma pequena almofada de segurança (por exemplo, 50.000 a 150.000 Kz). A ideia é que cada kwanza tenha um propósito: doar, poupar, pagar dívidas ou gastar de forma consciente. Isso evita compras por impulso e ajuda a controlar melhor o dinheiro ao longo do mês.

Se sobrar dinheiro: Óptimo! Use esse valor para acelerar o seu objetivo atual — como reforçar a poupança, amortizar uma dívida ou até organizar uma viagem.

Se faltar dinheiro: Corte nas despesas não essenciais até o orçamento ficar equilibrado. Por exemplo: Em vez de sair para jantar no fim de semana, pode cozinhar em casa e ver um filme gratuito na TV.

4. Registe todas as despesas (durante o mês todo)

Fazer um orçamento é planear; registar despesas é verificar se está a cumprir o plano. Esta é a parte mais difícil para quase todos, ninguém quer ficar a registar os pequenos gastos, como um café ou uma recarga de telemóvel. Subtraia cada valor à respetiva categoria no seu orçamento. Existem muitos aplicativos que podem ajudar a registar as suas despesas. Pode fazer o registo no final de cada dia ou assim que gastar. O importante é criar o hábito.

5. Ajuste o orçamento sempre que receber

Com rendimentos irregulares, a flexibilidade é fundamental. Sempre que receber um valor, reveja e ajuste o orçamento. Exemplo: Se tinha planeado 300.000 Kz, mas acabou por receber 350.000 Kz por causa de uma comissão, adicione os 50.000 Kz ao orçamento. Depois, decida como os vai usar: pagar uma dívida, reforçar a poupança ou recuperar alguma despesa que tenha cortado. Esta prática ajuda-o a manter o controlo financeiro mesmo quando os valores variam.

6. Crie um novo orçamento antes de cada mês

Um orçamento não é algo que se faz uma vez e está feito. É uma ferramenta viva.

Todos os meses deve criar um novo orçamento, ajustando conforme as necessidades do período. Pode copiar o orçamento do mês anterior e depois adaptar — por exemplo, se tiver despesas pontuais como matrícula escolar dos filhos, renovação de documentos ou festa de aniversário. Para uma maior tranquilidade comece o novo orçamento antes do mês iniciar. Isso dá-lhe vantagem e tranquilidade.

Gerir um rendimento irregular exige prática. Em média, demora cerca de três meses até se sentir confortável com o processo. Comprometa-se com este método e seja paciente. Vai ver que com um plano, disciplina e alguma flexibilidade, é possível viver bem mesmo com rendimentos variáveis.

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