Até Setembro, os angolanos levantaram em “cash” ou pagaram compras no valor de 151,4 mil milhões Kz no estrangeiro, recorrendo a cartões bancários pré-pagos. A reabertura da circulação de pessoas e bens e as melhorias no sistema financeiro nacional estão na base destes números.
Nos primeiros nove meses deste ano os angolanos já gastaram mais em cartões pré-pagos no estrangeiro do que em 2020 e 2021 juntos, totalizando 151,4 mil milhões Kz de Janeiro a Setembro, de acordo com as Estatísticas do Sistema de Pagamentos do Banco Nacional de Angola (BNA). Esses valores foram movimentados em 10,1 milhões de operações, que representa um acréscimo de 75%, quando comparadas com as 5,8 milhões de operações efectuadas em todo o ano de 2021, em que os utilizadores dos cartões visa pré-pagos gastaram no exterior do País 49,5 mil milhões Kz.
Segundo especialistas entrevistados pelo jornal Expansão, “este é um sinal de que a “economia está a modernizar-se mais em termos de melhorias no sistema de pagamentos, o que gera alguma facilidade em relação aos pagamentos internacionais”. Significa, também, que após o período da pandemia da Covid-19, de maiores restrições em termos de circulação de pessoas e bens, o facto de o preço do petróleo ter disparado criou uma maior disponibilidade de divisas em Angola, permitindo que os angolanos estejam hoje a viajar mais para fora do país. “Sabemos que o preço do petróleo subiu bastante e tem estado em media 47 USD acima do OGE e isso traduz-se em receitas fiscais petrolíferas muito altas, contribuindo para maior colocação de divisas no mercado cambial”.
Estes consideram também que o elevado número de operações e de valores movimentados no estrangeiro demonstram que há uma melhoria no nível dos rendimentos das famílias e que há uma certa franja da população que tem visto o seu poder de compra a melhorar. Os valores gastos no exterior indicam também que há uma maior mobilidade das pessoas. “Há uma maior procura por produtos, que não sendo produzidos internamente, na mesma quantidade ou qualidade, as pessoas estão a procurá-los lá fora”, refere o economista.
Numa outra perspectiva, também foi dada a nota que o volume de dinheiro transaccionado fora do país revela que os angolanos também estão a confiar menos na economia e nas instituições angolanas. “Estão a buscar por alternativas lá fora e a transferir as poupanças para fora do País. E isso tem consequências práticas para uma economia com reduzidas poupanças e elevadas necessidades de investimentos”, menciona.
Fonte: Jornal Expansão