Seis meses depois do aumento do preço da gasolina existe a possibilidade estar a ser preparada mais uma actualização de preços. O Orçamento Geral do Estado em execução dá como certo este aumento e a proposta de OGE 2024 mantém essa intenção acordada com o FMI e com o Banco Mundial e revela que será feito de forma gradual até 2025, depois de ter arrancado em Junho de 2023, quando a gasolina subiu de 160 Kz para 300 Kz. Este aumento irá pesar no aumento do custo de vida com efeitos nos preços gerais de bens e serviços.
Em entrevistas pelas ruas da cidade de Luanda, o jornal Expansão colheu as opiniões abaixo:
“A confirmar-se o aumento do preço dos combustíveis vai ser pesado para muitos de nós. Com o aumento do ano passado e conforme as coisas estão a subir se já está ser isto o que estamos a viver, imagina se os preços sobem”, disse um dos automobilistas.
No entanto, há também quem olhe para o eventual aumento do preço dos combustíveis como um processo normal do mercado, apesar dos constrangimentos que possam surgir. “Se disser que não me preocupo estaria a mentir. Mas procuro encarar com um processo normal. Quase tudo no País está a subir, porque é que com a gasolina seria diferente? Caso suba mesmo nestes dias temos que aprender a viver com os novos preços. Uma certeza tenho, não vamos morrer”, disse optimista o dono de uma viatura ligeira.
Ideia semelhante tem uma funcionária de um dos escritórios de advogados de Luanda. Para esta jurista, a melhor forma de lidar com o aumento do preço dos combustíveis é redefinir o uso da viatura. “Geralmente quando somos informados o preço já aumentou ou vai aumentar no dia, temos pouco a fazer. É só aceitar. Por isso, com os combustíveis mais caros devemos repensar a forma como usamos as nossas viaturas. Por exemplo, podemos partilhar o carro com o esposo ou filhos ao invés de cada um usar o seu, já é um começo”, disse.
Nos postos de abastecimento de combustíveis a conversa também gira em torno de um eventual aumento do preço nos próximos dias. “Nos últimos dias perguntam-nos muito se sabemos quando vai acontecer o aumento da gasolina. Mas também não sabemos nada”, disse o funcionário de um dos postos. Questionado se o posto tem registado maior fluxo de viaturas, garantiu que não e têm funcionado com normalidade.
Há muito tempo que a remoção dos subsídios aos combustíveis está em cima da mesa dos sucessivos governos. Mas só no ano passado, com a necessidade de desbloquear um financiamento de 500 milhões USD do Banco Mundial, é que o Governo decidiu avançar com esta medida que visa terminar com a subsidiação estatal que, só em 2022, custou quase 2,0 biliões Kz. A expectativa é que, em 2023, o início desse processo permitisse poupar alguns milhares de milhões. No entanto, isso acabou por não acontecer devido à depreciação em quase 40% do kwanza face ao dólar verificada no ano passado, que “provocou a contenção do potencial ganho fiscal com a reforma dos subsídios”.
Fonte: Jornal Expansão