A constante depreciação do Kwanza tem tornando os custos das empresas de telecomunicações mais elevados, já que grande parte dos fornecedores são estrangeiros. A instabilidade da moda nacional depois da flexibilização do câmbio, em 2018, não só aumenta os custos, como também condiciona novos investimentos em infra-estruturas e dificulta os financiamentos. Assim, para seguir o processo de digitalização que ocorre em todo mundo, os players procuram manobras enquanto não ajustam os preços.
Na mesa-redonda do VI Fórum Telecom do Expansão, os responsáveis abordaram o tema “Os desafios das infraestruturas, financiamentos e novos conceitos digitais”, num momento marcado pela depreciação do Kwanza face às principais moedas internacionais, acompanhado pela diminuição dos subsídios à gasolina, que tiveram impacto sobre os preços, provocando uma aceleração da taxa de inflação, o que obrigou as empresas de vários sectores de actividade a reajustarem os preços dos produtos e serviços prestados. Entretanto, o sector das telecomunicações aguarda a melhor maneira de o fazer.
Segundo o CEO da Unitel, Miguel Geraldes, a empresa já se tem deparado com o problema da depreciação do kwanza há cinco anos, umavez que uma parte dos investimentos exige capital estrangeiro e os fornecedores também são estrangeiros, o que obriga a empresa a refazer os cálculos sempre que a moeda nacional deprecia.
“O que aconteceu com kwanza num mês, para nós significa refazer totalmente as contas. Agora resta-nos saber até que ponto conseguimos aguentar financeiramente este nível, que de facto, é um desafio”, disse.
Neste sentido, Miguel Geraldes não descarta a possibilidade de reajustar os preços nos próximos tempos, uma vez que a depreciação tem sido recorrente.
“O negócio das telecomunicações em todas as operadoras em Angola era de três mil milhões de dólares, hoje não estamos a conseguir chegar a mil milhões de dólares. É preciso que se tome conhecimento do que estamos a falar”, apontou.
Por sua vez, Gonçalo Farias, administrador da Africell, argumenta que ainda há muita coisa para se concertar antes de se avançar com uma possível subida dos preços, já que com a inflação crescente que se tem verificado, os rendimentos líquidos das famílias também baixaram.
“O rendimento líquido disponível que é alocado para o consumo de telecomunicações tem vindo a decrescer, e, portanto, as pessoas têm menos poder de compara”, afirmou.
No entanto, explica que os orçamentos das empresas das telecomunicações são feitos de forma a que haja capacidade para absorver choques externos. E para que haja alterações no preço tem de haver uma concertação entre os players e o regulador.
Fonte: Jornal Expansão