O crédito a particulares e ao comércio representam 43% do crédito bancário concedido até ao mês de Agosto, equivalente a 2,5 biliões Kz de um total de quase 5,8 biliões Kz, de acordo com cálculos do Expansão com base nas Estatísticas Monetárias e Financeiras do Banco Nacional de Angola (BNA).
No período em análise, o crédito a particulares (que pressupõe ao consumo) cresceu 38,3% desde final de 2022 ao atingir quase 1,3 biliões Kz, mais 366,9 mil milhões Kz. Já para o sector do comércio, o stock de crédito em Agosto era de 1,2 biliões Kz, o que representa um crescimento de 22,2%. Importa recordar que em Junho deste ano o crédito a particulares superou o sector do comércio pela primeira vez desde 2014 e passou a liderar o ranking dos sectores com mais crédito bancário.
Ainda de acordo com o documento, até Agosto o crédito da banca ao sector não financeiro valia quase 5,8 biliões Kz, o que representa um aumento de 1,0 biliões, ou seja, um crescimento de 26% desde Dezembro de 2022, justificados pelos efeitos da desvalorização cambial, já que a moeda nacional depreciou quase 40% entre Maio e Julho. Como uma parte dos empréstimos são em moeda estrangeira, quando são convertidos para kwanzas automaticamente faz subir contabilisticamente o valor desses créditos nos dados agora divulgados pelo banco central.
Entre os 23 sectores que constam no relatório do BNA, apenas três viram o seu stock de crédito cair.
Quanto aos restantes 30 sectores, todos viram o stock de crédito crescer, com destaque para o crédito ao consumo (particulares) que foi o que mais cresceu (+38,3%), com mais 356,6 mil milhões em Agosto face a Dezembro de 2022. Segue-se o Comércio (+22,2%), com mais 223,1 mil milhões Kz e o sector da Construção (+47,0%).
Já segundo outro relatório do BNA, a Nota de Informação Estatística Sobre o Crédito, relativo a Agosto de 2023, do total de 5,8 biliões Kz de stock de crédito, 89,7% era endividamento do sector privado (empresas privadas e particulares) e 10,3% do sector público (administração pública e empresas públicas).
Do total dos 5,8 biliões Kz que valia o stock de crédito até Agosto, 1,3 biliões estavam alocados ao sector real da economia, o que representa um aumento de 368,8 mil milhões Kz (38,5%) face ao período homólogo. Destes 1,3 biliões Kz, cerca de 952,4 mil milhões Kz foram concedidos o âmbito dos Avisos do BNA de fomento ao sector real, o que representa um crescimento homólogo de 38,5% influenciado, principalmente, pela Indústria Transformadora.
Por outro lado, do total de 5,8 biliões Kz de crédito, 252,7 mil milhões eram relativos a crédito à habitação.
O economista Carlos Lumbo admite que, além da questão da desvalorização cambial, também as políticas do BNA que visam fomentar a concessão de crédito estão na base do crescimento do crédito nos últimos meses. “O BNA em 2023 continuou a optar por adoptar uma política monetária no sentido de facilitar a concessão de crédito, baixando ou mantendo as taxas directoras de juro, apesar da intensa inflação decorrente. Assim, a política monetária vai no sentido de facilitar o recurso ao crédito”, sublinhou.
Fonte: Jornal Expansão