Angola é um país maioritariamente jovem, onde mais de 65% da população tem menos de 25 anos. Portanto, as políticas públicas e estratégias a médio e longo prazo devem levar em consideração este indicador, o jovem precisa estar na base das soluções que se pretende criar. Com a agricultura a assumir um dos sectores estratégicos para a diversificação da economia, precisamos compreender como será o enquadramento dos jovens neste processo.
Se por um lado o fenómeno do êxodo rural tem afastado os jovens deste meio e das lavouras, a inversão deste quadro parece que não tem merecido muita atenção, na medida em que temos tido dificuldades enquanto país em tornar o meio rural atractivo para os jovens.
Os resultados obtidos pela agricultura familiar nos últimos anos têm propiciado a evasão dos jovens para as grandes cidades em busca de emprego, eles não se reveem no modelo de trabalho dos seus progenitores, por se tratar de um negócio de “baixa lucratividade” e elevados riscos. Entretanto, a agricultura tradicional ou familiar tem conhecido também novas técnicas na produção, logística e comercialização, portanto, é preciso evoluir com esta tendência, abraçar a inovação e gradativamente alterar o paradigma de que o campo é sinónimo de sofrimento e pobreza.
E por falar em pobreza, o circulo vicioso da pobreza é estabelecido pela baixa renda que gera baixa poupança, que por sua vez é a razão para o baixo investimento e resulta em baixa produtividade; a baixa produtividade é a causa para a baixa produção e consequentemente baixa renda. Este fenómeno pode ser interrompido com medidas integradas como:
- Programas de capacitação adequadas ao contexto regional;
- Instrumentos de crédito simplificado para financiar o produtor rural (especialmente o jovem) e os demais negócios que gravitam em torno do agronegócio (transporte, armazenamento, transformação em pequena escala, etc.),
- Centros de incubação de negócios rurais – um espaço de transformação de ideias em negócios através de mentoria e acompanhamento;
- Políticas integradas para o desenvolvimento rural – tornando o meio rural num ambiente de desenvolvimento sócio-económico sustentável;
Portanto, parece-nos que é sim possível gerar emprego e qualidade de vida no campo e Angola tem uma carência muito grande neste domínio, entretanto, isso exige a reestruturação do pensamento e da estratégia política com a visão de que é necessário criar uma atmosfera rural favorável através de um esforço multidisciplinar sobretudo na promoção do conhecimento, pois este é o factor que produz confiança, esta confiança alimenta a esperança que por sua vez dá vida ao trabalho.