Angola é um dos países do mundo com mais pessoas a viver em pobreza extrema. Segundo o World Poverty Clock (relógio da pobreza mundial em tradução livre), um site financiado pelo Governo da Alemanha, no final do ano passado 11.160.949 angolanos, equivalente a 31% da população do País, estavam em pobreza extrema, ou seja, tinham menos de 2,15 USD por dia para despesas básicas, entre elas, a alimentação. E este número não tem parado de crescer. Só para se ter uma ideia, de acordo com este aplicativo financiada pelo Ministério para Cooperação e Desenvolvimento da Alemanha, no ano em que Angola deu início a um ciclo de cinco recessões económicas consecutivas (2016 a 2020), o País tinha 6.602.520 cidadãos em pobreza extrema, equivalente a 28% da população. Hoje são mais 4.558.429. O facto de a economia nacional estar sistematicamente a crescer menos do que a população significa que Angola tem estado a “produzir” cada vez mais pobres, já que a economia não consegue gerar empregos em número suficiente para a quantidade de pessoas que entram em idade activa. E a inflação, que é uma espécie de imposto escondido, tem a sua quota parte no empobrecimento dos angolanos.
O economista do Centro de Investigação da Universidade Lusíada de Angola (CINVESTEC), Heitor de Carvalho, diz que há uma tendência em todo o mundo de alta nos preços da alimentação, muito em função de problemas nas cadeias de oferta, e garante que a espiral dos preços no País resulta de dois factores, por sinal indissociáveis, tais como a redução da produção petrolífera em Angola e a queda dos preços do petróleo no mercado internacional. Heitor de Carvalho diz que para evitar esta tendência da alta dos preços é fundamental produzir internamente bens de consumo para aumentar os fluxos de ofertas de bens essenciais.
Fonte: Jornal Expansão